Quando eu era criança, sempre estávamos ao ar livre. Fazíamos diques em córregos como pequenos castores. Rolávamos morro abaixo, e moldávamos elaborados cenários com gravetos, seixos e argila para encenar infindáveis histórias. Será que você também brincou em algum lugar especial e mágico na natureza durante sua infância? Será que essas doces lembranças não fazem sorrir o coração? Percorremos um longo caminho de lá para cá. Hoje em dia, equipadas com celulares, iPods, PlayStations e Gameboys, as crianças transitaram do natural para o virtual, das montanhas para o Matrix.
É como disse recentemente um menino da 4a série: "Gosto de brincar dentro de casa porque é lá que estão todas as tomadas elétricas".
É claro que a nova geração está colhendo diversas vantagens de nossas avançadas tecnologias, e de fato demonstrou-se que o uso do computador e dos videogames proporciona vários benefícios psicomotores e cognitivos. Porém, cada vez mais adultos preocupados estão se perguntando: "Mas a que preço?". O neurologista Frank Wilson, da Escola de Medicina da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, questiona: "Essas crianças são espertas, elas cresceram com computadores; supostamente deveriam ser superiores - mas agora sabemos que algo está faltando".
Uma das coisas que estão faltando é natureza. Pesquisas na Universidade Cornell em Nova York mostraram que crianças com mais natureza perto de casa têm menos distúrbios de comportamento, menos ansiedade e depressão e mais auto-estima. "Nosso estudo revela que os eventos estressantes parecem não causar tanto transtorno psicológico nas crianças que vivem em condições em que a natureza é mais presente, quando comparadas àquelas que vivem em lugares com menos áreas verdes", diz a professora Nancy Wells. "Ao reforçar os recursos de atenção das crianças, os espaços verdes podem ajudá-las a pensar mais claramente, e com isso capacitá-las a lidar mais eficazmente com o estresse."
“Crianças com mais natureza perto de casa têm menos distúrbios de comportamento, menos ansiedade e depressão e mais auto-estima”.
Os cientistas sugerem que a natureza pode ser útil como uma terapia complementar ou preventiva para crianças diagnosticadas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Pesquisadores suecos compararam crianças em duas creches. Numa delas, o playground era cercado de altos prédios, na outra era num pomar próximo a um exuberante jardim. As crianças na creche "verde", que brincavam ao ar livre todos os dias, independentemente do tempo, tinham melhor coordenação motora e maior capacidade de concentração. Outros estudos verificaram que o desempenho de atenção para crianças diagnosticadas com TDAH foi melhor após uma simples caminhada de 20 minutos num parque com uma paisagem natural que depois de uma caminhada em áreas residenciais urbanas. O professor Robin Moore, da Universidade da Carolina do Norte, afirma: "Experiências multissensoriais na natureza ajudam a construir a base cognitiva para o desenvolvimento intelectual".
A atual dissociação das crianças da natureza, devido a falta de parques ou espaços verdes acessíveis, preocupação dos pais, estilos de vida demasiadamente programados ou falta de interesse, dizem os especialistas, está cobrando seu preço nas altas taxas de distúrbios infantis físicos ou mentais. O futurista americano Richard Louv concorda. Se a "terapia da natureza" reduz os sintomas do TDAH, sugere ele, então TDAH pode ser um conjunto de sintomas agravados pela falta de exposição à natureza - o que ele chama de "transtorno de déficit de natureza". Diz ele: "Privar as crianças de natureza pode ser equivalente a privá-las de oxigênio".
SUSAN ANDREWS é psicóloga e monja iogue. Autora do livro Stress a Seu Favor, ela coordena ecovila Parque Ecológico Visão Futuro.
Lembro-me da minha infância... As descobertas, a maneira que nós crianças exploravamos mais a natueza.
Cada descoberta era uma aprendizagem mágica e única. Aquele contato maravilhoso em que nem sentia o tempo passar.
Hoje eu posso dizer o quanto que foi importante esse contato com a natureza na infância. Aprendi o verdadeiro valor da vida, dos sentimentos, da natureza, os animais e pelo próximo.
Posso dizer que ter a presença da natureza na infância, é saber valorizar as pequenas e simples coisas da vida... é simplismente “VIVER”.
ABREIJÃO
Simone (VIDA)
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