quarta-feira, 3 de junho de 2009

Amo esse texto!


Texto de Adriano Silva, 31 anos, diretor de redação da revista superinteressante:
Tome a mesma mulher aos 20 e aos 30 anos: no segundo momento ela será umas sete ou oito vezes mais interessante, sedutora e irresistível do que no primeiro.
Ela perde o frescor juvenil, é verdade. Mas também o ar inseguro de quem ainda não sabe direito o que quer da vida, de si mesma, de um homem.
Não sustenta mais aquele ar ingênuo, uma característica sexy da mulher de 20, só que é compensado por outros atributos encantadores de que se reveste a mulher de 30.
Como se conhece melhor, ela é muito mais autêntica, entrada, certeira no trato consigo mesma e com seu homem. Aos 30, a mulher tem uma relação mais saudável com o próprio corpo, tem orgulho das suas carnes sinuosas, do seu cheiro cíclico. Não briga mais com nada disso.
Na verdade, ela quer brigar o menos possível. Está interessada em absorver do mundo o que lhe parecer justo e útil, ignorando o que for feio e baixo-astral. Quer é ser feliz.
Se o seu homem não gostar do jeito que ela é, que vá procurar outra. Ela só quer quem a mereça.
Aos 30 anos, a mulher sabe se vestir. Domina a arte de valorizar os pontos fortes e disfarçar o que não interessa mostrar. Sabe escolher sapatos, tecidos e decotes, maquiagem e corte de cabelo. Gasta mais porque tem mais dinheiro. Mas, sobretudo, gasta melhor.
E tem gestos mais delicados e elegantes.
Aos 30, ela carrega um olhar muito mais matador quando interessa matar. E finge indiferença com mais competência quando interessa repelir. Ela não é mais bobinha. Não que fique menos inconstante.
Mulher que é mulher, se pudesse, não vestiria duas vezes a mesma roupa nem acordaria dois dias seguidos com o mesmo humor.
Mas, aos 30, ela já sabe lidar melhor com este aspecto peculiar da condição feminina. E poupa (exceto quando não quer) o seu homem desses altos e baixos hormonais que aos 20 a atingiam e quem mais estiver por perto irremediavelmente.
Aos 20, a mulher tem espinhas. Aos 30, tem pintas, encantadoras trilhas de pintas. Que só sabem mesmo onde terminam uns poucos e sortudos escolhidos. Sim, aos 20 a mulher é escolhida. Aos 30, é ela quem escolhe. E não veste mais calcinhas que não lhe favorecem. Só usa lingeries com altíssimo poder de fogo. Também aprende a se perfumar na dose certa, com a fragrância exata.
A mulher aos 30, mais do que aos 20, cheira bem, dá gosto de olhar, captura os sentidos, provoca fome.
Aos 30, ela é mais natural, sábia e serena. Menos ansiosa, menos estabanada. Até seus dentes parecem mais claros. Seus lábios, mais reluzentes. Sua saliva, mais potável.
E o brilho da pele não é o da oleosidade dos 20 anos, mas pura luminosidade.
Aos 20, ela rói unhas. Aos 30, constrói para si mãos plásticas e perfeitas. Ainda desenvolve um toque ao mesmo tempo firme e suave. Ocorre algo parecido com os pés, que atingem uma exatidão estética insuperável. Acontece também alguma coisa com os cílios, o desenho das sobrancelhas, o jeito de olhar.
Fica tudo mais glamuroso, mais sexualmente arguto. Aos 30, quando ousa no que quer que seja, a mulher costuma acertar em cheio. No jogo com os homens, já aprendeu a atuar no contra-ataque. Quando dá o bote, é para liquidar a fatura. Ela sabe dominar seu parceiro sem que ele se sinta dominado. Mostra sua força na hora certa e de modo sutil. Não para exibir poder, mas para resolver tudo a seu favor antes de chegar o ponto de precisar exibi-lo. Consegue o que pretende sem confrontos inúteis.
Sabiamente, goza das prerrogativas da condição feminina sem engolir sapos supostamente decorrentes do fato de ser mulher.
Obs: Se você anda preocupada porque não tem mais 20 anos - ou porque ainda tem mas percebeu que eles não vão durar para sempre - fique tranqüila, desencane. É precisamente aos 30 que o jogo começa a ficar bom...

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