quarta-feira, 8 de julho de 2009

Brinquedos: preste atenção neles

Brincadeira perigosa

O patinho que acompanha seu bebê no banho pode não ser tão inofensivo quanto aparenta. Substâncias como o ftalato e o bisfenol, muito utilizadas na fabricação de brinquedos macios de plástico, causam intoxicações.

Nos países da União Européia, ftalato e bisfenol foram simplesmente banidos das indústrias de brinquedo. Após discussões acaloradas entre os países do Mercosul, a Argentina resolveu igualmente suspender seu uso. No Brasil por enquanto não existe nenhuma restrição à dupla. "Por aqui não há lei que proíba seu emprego nos produtos de plástico destinados à criançada", afirma o engenheiro químico Mariano Bacellar, do Instituto Brasileiro de Qualificação e Certificação, fundado pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos, a Abrinq.

Mesmo sem nenhuma ordem oficial, algumas indústrias nacionais acharam por bem substituir a dobradinha de componentes por outros aditivos. E quem ainda a utiliza deixa isso bem claro no rótulo dos brinquedos — o que é ótimo. As acusações contra as duas substâncias são graves. O ftalato estaria envolvido com alterações nas glândulas, causando diversos distúrbios hormonais. Ele serve para amaciar e tornar maleável o PVC, o tipo de plástico usado na maioria dos brinquedos para bebês e nas bonecas.

O bisfenol, por sua vez, tem a propriedade de deixar o plástico, apesar de macio, mais resistente a mordidas e outras investidas. Recai sobre ele a suspeita de favorecer a obesidade e até alguns tipos de câncer. O outro lado dessa história, vale frisar, é que grande parte das pesquisas foi feita em animais. Aquelas que envolveram seres humanos avaliaram o efeito direto das substâncias sobre o organismo, mas não o da sua aplicação em brinquedos, quando elas já estão quimicamente modificadas.

"É como no caso dos copos descartáveis de polietileno", compara o toxicologista e pediatra Sérgio Graff, diretor da Clínica Toxiclin, em São Paulo. "O etileno, a sua matéria-prima, pode provocar problemas. No entanto, quando ele é transformado em polietileno, o risco desaparece", diz. A enfermeira Maria de Jesus Castro Sousa Harada, do Núcleo de Estudos da Criança e do Adolescente da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp, concorda: "Não há trabalhos conclusivos sobre a ação tóxica dessas substâncias nos brinquedos", afirma. "

Por enquanto, o que existe são suposições", diz, ainda, Gustavo José Kuster, gerente do Programa de Avaliação da Conformidade, Normalização e Qualidade Industrial do Instituto Nacional de Metrologia, o Inmetro. Pelo sim, pelo não, fique atento na loja de brinquedos. Enquanto o ftalato e o bisfenol não recebem um veredicto, outros aspectos importantes não deixam margens a dúvida quando se fala em brincar com segurança. A dica mais batida, porém fundamental, é: "Evite brinquedos com peças muito pequenas, principalmente se a criança tem menos de 3 anos", reforça a pediatra Renata Naksman, presidente do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Mais: é bom ficar com um pé atrás se a engenhoca funciona com eletricidade, porque há risco de choques caso dedinhos atrevidos se aproximem da tomada. E o brinquedo barulhento? Esse, no fundo, não tem graça nenhuma. "Ele pode diminuir a capacidade auditiva da meninada", avisa Renata. Se o ruído for superior a 110 decibéis, o risco de danos aos ouvidos é grande. Infelizmente nem sempre a informação dos decibéis está na embalagem. No máximo há uma advertência de que o artefato não deve ser ligado em ambientes fechados ou ainda a recomendação de que o pequeno fique a pelo menos 1 metro de distância.

Também é importante comprar o brinquedo indicado para a idade da criança, mesmo que ela seja considerada muito esperta para o seu tamanho. E, se você tem filhos com faixas etárias diferentes, mas que brincam juntos, lembre-se de que o mais novo pode se machucar com os brinquedos do mais velho. "Os objetos da criança maior devem ficar fora do alcance da menor", ensina Maria de Jesus Castro Sousa Harada. Mesmo com todas essas precauções, a supervisão de um adulto na hora da brincadeira é bem-vinda.

Antes de comprar o brinquedo

• Na hora de comprar, repare nas informações da embalagem: a faixa etária a que o brinquedo se destina, dados do fabricante e as advertências sobre os eventuais riscos para a segurança precisam ser lidos com atenção. Todos esses dados devem estar em português, mesmo que o produto seja importado.

• As tintas e os materiais utilizados na sua fabricação não podem ser tóxicos — e isso deve estar bem claro no rótulo.

• Não se esqueça de pedir a nota fiscal. Ela é a sua garantia em caso de acidentes ou defeitos.

• Descarte brinquedos com pontas ou extremidades cortantes.

• Para crianças com até 5 anos o brinquedo não deve ter nenhuma parte de vidro. Não são recomendados brinquedos químicos, como moldes de gesso, para menores de 8 anos.

· Entenda a dentição da criança

· A tireóide dos bebês

· Poluição em ambiente fechado: cuidado

· Germes na cozinha: limpeza resolve

· Brincadeira na cozinha

Brinquedos com o aval do Inmetro

Todo brinquedo vendido no território nacional deve ter o selo desse instituto, que segue os padrões internacionais em suas avaliações. "Antes de mais nada, para receber o certificado toda a linha de produção é submetida a uma vistoria", conta Gustavo José Kuster.

Em seguida uma amostra do brinquedo é levada para um laboratório contratado pelo Inmetro para ser submetida a uma série de testes. "Até mesmo os produtos importados precisam do selo", avisa Kuster. "Ele é uma garantia de que o brinquedo é seguro." Mas atenção: o aval do Inmetro não considera se o brinquedo contém ou deixa de conter ftalato e bisfenol, já que nada pesa contra a dupla no Brasil até que se prove o contrário.

http://www.inmetro.gov.br/

Cautela com o brinquedo do bebê

A hipótese, remota, é de as substâncias tóxicas serem ingeridas. A foto desta reportagem ilustra mais o temor dos europeus e dos argentinos do que a realidade científica em si. Afinal, o pobre patinho não exalaria nenhuma toxina. Se de fato ele for capaz de transmitir substâncias tóxicas para o organismo infantil (o que não está provado), isso aconteceria quando a criança ficasse mordiscando o objeto. Ou seja, use a razão: se você prefere, por cautela, evitar brinquedos com ftalato e bisfenol, tome mais cuidado com mordedores e afins do que com bonecas para meninas maiores.

Por Thais Szegö | design Robson Quinafélix | fotos Dercílio

FONTE: http://saude.abril.com.br/edicoes/0283/familia/conteudo_218619.shtml

OUTRO LINK IMPORTANTE: http://www.portaldoconsumidor.gov.br/index.asp

Nenhum comentário: